segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Toda palavra na boca do profeta é profecia?


Meus amados irmãos e irmãs, você que me acompanha e gosta de uma boa reflexão. Lhe convido para uma jornada espetacular, sim, meditar na palavra de Deus é e sempre será uma jornada espetacular. Na oportunidade de hoje iremos refletir em um tema interessante: Toda palavra na boca do profeta é profecia?
Pretendemos discorrer sobre o assunto analisando os profetas do Antigo testamento como Elias, Ezequiel, Jeremias e Natã; também é claro, não poderemos deixar de mencionar profetas do Novo testamento e dos dias atuais.

Em primeiro lugar o que é profecia?
O dicionário teológico define profecia da seguinte forma: Revelação inspirada, sobrenatural e única do conhecimento e da vontade de Deus (Dicionário Teológico Editora CPAD Pg 305)

O que é um profeta?

Do hebraico 'Nabi'. No Antigo Testamento, era a pessoa devidamente vocacionada e autorizada por Deus para falar por Deus e em lugar de Deus (ver Ezequiel 2.1-10)

É importante mencionar que ninguém se faz profeta, ou decide ser profeta. Não se trata de uma escolha humana, e sim uma escolha diretamente e exclusivamente divina.

No antigo testamento temos vários nomes de profetas, já citei acima alguns desses nomes como Elias, Ezequiel, Jeremias e Natã. Minha escolha a respeito desses poucos profetas mencionados se dá porque irei usar os textos referentes a eles que nos darão embasamento a nossa reflexão e conclusão.

É claro que a bíblia menciona outros profetas e profetizas também. O ministério profético não era exclusivo dos homens. Deus não faz acepção de gênero em suas escolhas. Para Deus todos somos iguais e igualmente uteis em sua obra cada um em sua função e ministério especifico. Posso citar dois nomes importantes de profetizas que são mencionados na bíblia: Débora (ver Juízes 4.4) e Ana (ver Lucas 2.36) essas duas mulheres foram importantíssimas, cada uma em sua época. Houveram tantos outros profetas e de várias classes sociais. A condição financeira jamais foi impeditiva ou meritória para se exercer o ministério profético. É Deus quem decide e ele tem seus métodos.

Os profetas ocuparam um papel fundamental na formação da nação, foram eles os escolhidos por Deus para conduzir o povo até ao seu estabelecimento na terra prometida onde deixaram de ser errantes e nômades para se tornarem uma nação estabelecida e com leis e regentes. Quando Israel se tornou uma monarquia teocrática os profetas eram os conselheiros dos reis de Israel (ver 1 Crônicas 17.1)

O papel dos profetas era fundamental para o povo de Deus. Uma vez que o papel dos sacerdotes era apresentar o povo a Deus, os profetas apresentavam Deus ao povo.

Era função dos profetas exortar o povo  a manterem uma vida de santidade e obediência a Deus. Se por uma lado os sacerdotes olhavam para o exterior do homem, ou seja, a oferta e o ofertante; os profetas por sua vez olhavam para o interior, eles enxergavam por inspiração divina o propósito e intenção do coração. Quando Deus viu que a nação apenas seguia rituais repetitivos, ele não usou os sacerdotes para reprender o povo, não porque desprezasse o ministério sacerdotal, não é isso, mas, cada um tem a sua função. O papel do sacerdote é manter o serviço em atividade e interceder em favor do povo, o papel do profeta é corrigir. (ver Izaias 1.11-20) (ver Amós 5.21-27)

Não podemos desprezar o ministério profético, haja vista a sua  importância para a saúde espiritual do povo de Deus. É necessário, mesmo que de forma sucinta, mostrar a importância do ministério profético e como ele foi útil para o estabelecimento do povo como nação de Deus. Porém, precisamos dar resposta a pergunta que é tema dessa nossa reflexão: Toda palavra na boca do profeta é profecia?

A resposta é não.

Não sou eu quem diz e sim a autoridade máxima. A bíblia, a inerrante e infalível palavra de Deus.

Esclarecendo alguns pontos:

Deus tem responsabilidade com a palavra do profeta?

Não.

"Ainda veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que é que vês, Jeremias? E eu disse: Vejo uma vara de amendoeira.
E disse-me o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la" (Jeremias 1.11,12) 

Deus tem compromisso com a sua palavra e não com a palavra do profeta.

Deus chama o profeta, o profeta atende o chamado e Deus lhe diz o que falar. Essa é a dinâmica. 

"Então me disse: Profetiza sobre esses ossos, e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor" (Ezequiel 37.4)

A palavra que tem poder é a palavra de Deus e não a do profeta.

Há um relato bíblico, e aliás é um dos que eu mais gosto que é o relato do ministério do profeta Elias. Muitas pessoas erram ao mencionar esse episódio; não sei se de propósito, ou por falta de atenção, mas o que sei é o que ouvi repetidas vezes certos expositores dizendo que Elias profetizou e Deus assinou em baixo. Uma espécie de chancela a uma atitude ousada de Elias ao proferir (como alguns gostam de dizer: Lançar uma palavra profética) e Deus se viu obrigado a cumprir, afinal, quem havia dito tal palavra era um de seus profetas. Ledo engano. Isso é um erro absurdo. Não podemos ser preguiçosos, leiamos o texto todo e entenderemos que não foi isso o que aconteceu, está claro.

Vamos ao relato em questão.
"Então Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, se não segundo a minha palavra" (1 Reis 17.1) a princípio poderíamos concordar que Elias usou de autoridade e Deus chancelou o que ele disse. Certo? Errado!

Uma leitura desatenta somada a uma interpretação precipitada para dizer o mínimo chegaria a essa conclusão. Não podemos ser preguiçosos, basta ler todo relato e descobriremos que Elias, como profeta que era estava falando em nome de Deus. O texto seguinte esclarece perfeitamente.

"Sucedeu que, no momento de se oferecer o sacrifício da tarde, o profeta Elias se aproximou, e disse: Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, manifeste-se hoje que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e conforme a tua palavra fiz todas essas coisas" (1 Reis 18.36)

Tudo o que Elias disse e fez foi segundo a ordem de Deus, Elias não poderia fazer nada além disso.

O poder não está na palavra do homem, e sim na palavra de Desus. Bom, até aqui vimos que o profeta profetiza o que Deus manda, que Deus tem compromisso com a sua palavra e que o poder está em sua palavra e não na palavra do homem. Então. onde está a questão de que nem toda a palavra na boca do profeta é profecia?

Quero responder com a bíblia, não se trata de minha conclusão, e sim o que a palavra de Deus nos apresenta. 

"Elias era homem sujeito as mesmas paixões que nós" (ver Tiago 5.17,18)
As paixões aqui são fraquezas. Todos nós sofremos das mesmas fraquezas e paixões, somos falhos e limitados. Elias representa aqui nesse texto os profetas que são pessoas iguais a nós, com limitações e fraquezas, é isso que o apóstolo Tiago nos apresenta, e é isso que esquecemos as vezes. Pensamos que eles são super humanos e que não erram, não sofrem e nem possuem defeitos.

Deus chamou o profeta Samuel e o enviou a casa de Jessé para ungir um rei, Deus não disse quem era; então Samuel, direcionado pela aparência e por seus conceitos olhou Eliabe e disse certamente é esse (ver Samuel 16.6,7) engano, Deus não vê como o homem vê, Deus vê o coração. 
O profeta não deixa de ser humano e nem seus sentimentos são eliminados quando está a serviço de Deus. A menor que seja a vigilância pode ser a motivação para se proferir uma palavra equivocada.

A bíblia nos apresente o exemplo de Natã. Homem de Deus, é de Deus, mas é homem.

Assim podemos dizer com base na bíblia que nem toda palavra na boca do profeta é profecia.

"Então Natã disse a Davi: Tudo quanto tens no teu coração faze, porque Deus é contigo.

Mas sucedeu, na mesma noite, que a palavra de Deus veio a Natã, dizendo:
Vai, e dize a Davi meu servo: Assim diz o Senhor:
Tu não me edificarás uma casa para eu morar" (ver 1 Crônicas 17.2,3,4)

Deus corrigiu o erro, Davi possuía um sentimento nobre, justo e digno. Natã como profeta que era, como homem de Deus que era, deveria ter sido mais cauteloso. Jamais use o nome de Deus para dizer algo como se isso fosse a vontade de Deus. Muitos de maneira inocente fazem isso sem perceber o grande perigo em que estão se metendo. Outros fazem isso propositalmente. (Falsos profetas) 

Não quero que você deixe de acreditar nos servos e nas servas de Deus, mas, meu objetivo é lhe estimular a crer mais na infalível e inerrante palavra de Deus.

Deus, por ter compromisso com a sua palavra irá sempre fazer as correções necessárias, e se necessário for irá expor os falsificadores da sua palavra.

Ele irá usar seus profetas para isso. Deus tem seus servos e servas.

Esclarecendo outro ponto importante:
Os profetas só existiram no período do Antigo Israel? (A.Testamento)
A resposta é não, os escritores do Novo Testamento citam vários profetas e profetizas.

Muitos interpretam do forma equivocada o texto e ministério profético.

(ver Lucas 16.16)

Lembram da profetiza Ana que eu citei? Eu a mencionei propositadamente para mostrar que durante os dias de Jesus e período da igreja houveram profetas, eles nunca deixaram de existir.

Os profetas foram fundamentais para a preservação da vida e da pureza espiritual do povo, são os profetas do A.T que nos dão o norte de como e de qual o propósito dos profetas do N.T. se no período dos reis eles estavam lá transmitindo a vontade de Deus, alertando a cerca dos perigos, exortando p povo a manter a pureza e santidade, no período da igreja esse ministério continua ativo com o mesmo propósito.

A bíblia cita nominalmente alguns profetas do N.T outros são anônimos como as filha de Felipe que seus nomes não são citados.

"E naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia.

E, levantando-se um deles, por nome Ágabo, dava a entender pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Claudio César" (ver Atos 11.27,28)
"E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesáreia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.

E tinha este quatro filhas virgens, que profetizavam" (ver Atos 21.8,9)

Outro ponto importante a ser esclarecido:
Nos dias atuais, ainda existem profetas?
A resposta é sim.

Esse é um ministério que existirá enquanto a igreja estiver presente na terra. A função do profeta na igreja inclui o seguinte: Proclamar e interpretar a palavra de Deus pelo Espírito Santo, admoestar, exortar, animar, consolar e edificar a igreja (Bíblia de Estudo Pentecostal Pg 1814)

Haviam profetas de todas as classes, pessoas simples como Amós que era pastor de ovelhas, profetas rudes e tempestuoso como o profeta Elias, mas também haviam profetas de classe nobre e letrados como o profeta Elias. A condição financeira, a classe jamais foi impeditivo ou meritório para se exercer o ofício profético. Deus tem seus critérios e propósitos, ele usa quem quer, quando quer e quando quiser. Deus jamais deixará de falar com seu povo por meio de seus servos os profetas. São eles que exortam o povo. Quando Deus se irritou com o povo, as reuniões e sacrifícios não passavam de cerimoniais e liturgias vazias e sem propósito quem Deus usou?
Os profetas. Porque não usou os sacerdotes?

(ver Izaias 1.13-17 e Amós 5. 21-27)
Não se trata de exclusão e sim de propósito. O sacerdote é responsável por manter o ritual, o cerimonial e a vida congregacional. O altar deve continuar acesso. Os sacerdotes estão atentos aos sacrifícios e a liturgia, eles são os responsáveis de olhar essas coisas, mas eles só enxergam o lado de fora, os profetas olham o ritual pelo lado de dentro pois veem o coração do ofertante. 

Deus jamais deixará de falar com seu povo através de seus profetas, e sempre que precisar ele os exortará para que não se percam.

(ver 1 Pedro 4.17)

A parábola da dracma perdida é perfeita (Lucas 15.8)
A dracma foi perdida dentro da casa. Qual a primeira atitude?
Acender a lâmpada. A lâmpada é símbolo da palavra de Deus (Salmo 119.105) a palavra de exortação e despertamento alcança o vacilante e o perdido.
Deus tem os seus servos, ele os usará sempre que necessário.


Na esperança, na fé e crendo na promessa

R.Silva


domingo, 29 de setembro de 2024

O ministério Apostólico


 

"E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas" (1 Coríntios 12.28)

O ministério apostólico tem validade nos dias atuais? Esse ministério ficou restrito aos doze ou teve a sua continuidade na igreja até os dias atuais?

Quero convidar você a uma jornada, peço a você que se desfaça de sua bagagem ideológica e denominacional, e vazio dessas coisas permita-se ser preenchido pelo conteúdo da palavra de Deus. Nosso objetivo com esse estudo é único. Aprender com a palavra de Deus. 

Deus diz que a única forma de não sermos destruídos é através do conhecimento (Oséias 4.6a) Não podemos cair nesse erro. Estejamos prontos para isso. 

Quero me comprometer com você também leitor, de que minha mente estará sujeita a palavra e me aterei a ela. Não pretendo fazer nenhuma abordagem sobre esse assunto levando em consideração minhas próprias convicções, aliás, isso soa contraditório, uma vez que nossas convicções devem ser o resultado do nosso conhecimento da palavra de Deus e do Deus da palavra. Dito isso, vamos seguir adiante.

Primeiramente iremos buscar a origem do termo apóstolo, seu significado e o seu uso. 
No final, iremos juntos, através da palavra de Deus descobrir se esse ministério ficou restrito aos doze ou se houve continuidade na igreja até os dias atuais.

  • Apóstolo: Origem do termo.
A origem da palavra é grega, antes da época neotestamentária essa palavra era raramente usada. No grego clássico, seu uso limitava-se na maioria das vezes a contextos de navegação. Heródoto, historiador e geografo grego usou essa palavra pelo menos duas vezes. 
O termo apóstolo passa a ser mais usado com o advento do cristianismo através de seus escritores, o escritor cristão que mais usa o termo é Paulo, para se ter uma ideia, o termo aparece 80 vezes no Novo Testamento, sendo que nos escritos de Paulo é usado 35 vezes. Isso quer dizer que o termo apostolo obtém maior uso entre os cristãos.
  • Apóstolo: Significado.
No tópico anterior descobrimos que o termo apóstolo é de origem grega, e que seu significado estava mais restrito a questões de navegação. Quando o escritor Heródoto usa o termo, ele o faz no sentido de se referir a um delegado. Na septuaginta (Tradução da Bíblia Hebraica para o Grego) o termo apóstolo aparece uma única vez e com o mesmo significado que o de Heródoto, ou seja, delegado: Individuo que recebe tarefa ou poder.
No novo Testamento, o significado fica mais restrito a de um individuo revestido de autoridade e poder divino.
Na cultura, e escritos rabínicos há também um correspondente em hebraico para o termo grego que é: Saliah, no judaísmo Saliah é um representante comissionado e enviado por um individuo. 
  • Apóstolo: Seu uso.
No novo testamento como já foi dito, é onde mais encontramos a respeito do termo apóstolo, e é justamente ali que encontramos com exatidão e clareza sobre o uso do termo.
O termo apóstolo era usado de duas formas:
1) Forma restrita.
2) Forma ampla.
Na forma restrita do termo, encontramos o uso especifico para diferenciar os doze apóstolos dos demais.
"E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze.
Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também.
Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos.
E por derradeiro de todos me apareceu a mim, como a um nascido fora de tempo.
Porque sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus" (1 Coríntios 15.5-9)

Nesse texto já está evidente a diferenciação entre os doze e os demais. Não se trata de partidarismo ou divisão, e sim designação.
Na forma ampla, encontramos o uso do termo apóstolo para identificar qualquer outro indivíduo enviado em missão. Ou seja, alguém enviado para dirigir uma congregação, enviado para pregar a palavra, ou simplesmente a uma missão de coleta, nada a ver com a designação dos doze.
O termo é o mesmo, a diferença esta na atribuição do termo.
Exemplo da forma ampla:
"Quanto a Tito, é meu companheiro, e cooperador para convosco; quanto a nossos irmãos, são embaixadores das igrejas e glória de Cristo" (1 Coríntios 8.23)
O texto original grego usa o termo 'apostolos' que foi traduzido como embaixador, uma vez que o significado é o mesmo, individuo enviado para representar, ou revestido de autoridade para tal. Paulo está dizendo que Tito foi enviado juntamente com os irmãos e ambos estão o representando e possuem autoridade para isso. Essa era uma missão prática e financeira.
A preocupação de Paulo de enviar cartas de recomendação se dá pelo fato de que, surgiram muitos falsos apóstolos (2 Coríntios 11.13/Apocalipse 2.2). Estes, beneficiavam-se da singeleza e bondade dos irmãos para espolia-los. 
Um segundo exemplo do uso amplo do termo apóstolo é quando escreve a respeito de Epafrodito e o envia em uma missão:
"Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão e cooperador, e companheiro nos combates, e vosso enviado para prover as minhas necessidades" (Filipenses 2.25)
Está em negrito, Paulo usa o termo apóstolo para informar que Epafrodito foi enviado por ele para essa missão especifica.

De acordo com os escritores Neotestamentários várias outras pessoas foram chamadas de apóstolos:
  • Paulo (1 Coríntios 15.9/Galátas 1.17/1 Tessalonicenses 2.6)
  • Barnabé (Atos 14.14)
  • Tito (2 Coríntios 8.23)
É importante mais uma vez mencionar que o termo apóstolo era o mesmo tanto para os doze como para essas e outras pessoas, a diferença está justamente na designação de cada um. Os doze receberam uma missão exclusiva (Mateus 10.2-4/Atos 1.20-26) e essa não foi repassada a nenhum outro, com exceção de Matias (falaremos um pouco mais adiante). Paulo sabia disso (Atos 15.2-23/Atos 16.4/Atos 15.9/Efésios 2.20), seria impossível para qualquer outro querer ocupar essa posição (Ver Atos 1.20-26) Ninguém possuía os critérios exigidos. O próprio Jesus deixou claro quando chamou Paulo (Atos 9.15,16)
A bíblia finaliza esse assunto dizendo: "E o muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles os nomes dos doze apóstolos do cordeiro" (Apocalipse 21.14) O número de apóstolos são doze, no lugar de Judas está o nome de Matias e não o de Paulo ou de qualquer outro; assim está escrito (Atos 1.26)

Jesus escolheu seus apóstolos, os treinou, os revestiu de autoridade, e os fez suas testemunhas. Nós como cristãos que somos, fomos escolhidos também, temos sido treinados, revestidos de poder e autoridade, somos testemunhas de Jesus também. Porém, o ministério dos doze foi único e não continuado.
Assim diz as escrituras.

Na fé, na certeza, e testemunhando
R.Silva

Bibliografia (Bíblia de Estudo Palavras chave: Grego-Hebraico/Manual Bíblico SBB/Enciclopédia da Vida de Jesus/Dicionário de Paulo e Suas Cartas)

sábado, 28 de setembro de 2024


"E disse-lhes: Está Escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covis de ladrões" (Mateus 21.13)

Introdução:

Certa vez perguntaram para Dwight L. Moody qual era o maior problema da obra, ele respondeu: O maior problema da obra são os obreiros.

Há muito, desde que li pela primeira vez a esse texto de Mateus fiquei a me perguntar do porque dessa atitude de Jesus, aliás, não me faltou entendimento sobre o tema, uma vez que o texto é por si só auto explicativo. Jesus expulsou os cambistas e virou as mesas e os expeliu porque estavam fazendo comércio na casa de Deus e isso não era permitido correto? Sim, mas isso é só a metade do problema em questão

Vamos de uma visão panorâmica do contexto para entendermos com exatidão o texto.

Jesus está entrando em Jerusalém e é recebido como o Rei Messias por uma multidão que estende ramos de árvores e lhe exalta exclamando: "Hosana ao filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!" (Mateus 21.8,9) 

Jesus já havia entrando tantas vezes em Jerusalém, já havia ali ensinado e curado, a multidão sempre estava dividida em relação a quem ele era, mas aqui sua entrada é diferente e única, ela é profética. Jesus entra na cidade como o Rei Messias conforme os profetas haviam predito (Ver Isaias 62.11 e Zacarias 9.9)

O escritor Lucas nos apresenta um relato mais detalhado ao informar que enquanto a multidão clamava em exaltação a Jesus, os líderes religiosos tentaram persuadir a Jesus para que este fizesse calar o povo. Jesus rebate e diz: "se estes se calarem, as pedras clamarão" (Lucas 19.38-40)

Diante dos fatos, as ações seguintes de Jesus não poderiam ser diferentes, pois, ele como Rei e Messias chega para por ordem em tudo.

A tentativa dos lideres em fazer calar o povo, demonstrava exatamente a negativa deles em relação a Jesus. Estes homens que conforme nos diz a bíblia deveriam ser luz e mestres para o povo, guiando-os na palavra e na pureza. Mas, a realidade é outra.

Na primeira parte da introdução, compartilhei uma fala sobre qual o problema da obra segundo Moody. Consigo entender o que ele disse que "o maior problema da obra são os obreiros". A obra é de Deus, ela é perfeita em seu propósito, em seu meio e seu fim, porém, ela é feita por homens, estes sim são falhos. Eis a razão dos problemas. No texto de Mateus vemos exatamente isso, Jesus expulsa os vendedores da casa de Deus (A obra perfeita), coisa essa que nenhum oficial do templo (obreiros imperfeitos) haviam se importado antes. Dito isso seguiremos para o nosso primeiro tópico:

  • 1) Os oficiais do Templo

Eram compostos por três categorias:
Sumo sacerdotes, sacerdotes e os levitas, todos pertencentes a família de Levi, mas com a diferença de serem os sacerdotes procedentes da família de Arão, o sumo sacerdote, ao menos no princípio, era da linhagem primogênita dessa família.

  • 2) Responsabilidades do oficiais do Templo
  • Sumo sacerdote

Sumo sacerdote, este era o que possuía a maior responsabilidade. O sumo Sacerdote era o único permitido a entrar no lugar santíssimo, e isso ele fazia uma vez no ano, não poderia jamais entrar de mãos vazias. Ali, ele ele ofereceria oferta de expiação de pecados em favor de si mesmo e de toda a congregação de Israel (Levítico 16). O sumo sacerdote era também presidente do sinédrio o tribunal judaico, ele eram tratado questões civis e principalmente questões religiosas.

  • Sacerdotes

Os sacerdotes foram distribuídos em vinte e quatro classes, essa organização teve seu inicio no reinado de Davi (1 Crônicas 24.1-19) 

Era de responsabilidade dos sacerdotes queimar o incenso no altar do incenso durante o período da manhã e da tarde, imolar a sacrificar as ofertas sobre o altar do holocausto e derramar o sangue ao pé do mesmo altar.

  • Levitas
Os levitas eram os servidores dos sacerdotes, eram eles que ajudavam no lugar santo e no altar, era também responsáveis pelos cânticos e também serviam como guardas do templo.

  • 3) A lei de Deus e a lei dos homens
  • A lei de Deus

Anotações:

"No principio, Deus pronunciou as palavras que deram origem a vida. Agora Deus pronuncia as palavras que orientam o viver" (Manual Bíblico SBB Pag. 168)

Os dez mandamentos. É assim que o conhecemos. Eles são de fato um resumo de toda a lei que está descrita no pentateuco que são os cinco primeiros livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) No pentateuco é onde encontramos de forma detalhada, as leis, os conselhos, as ordenanças acerca de todos os aspectos da vida humana, sejam elas questões civis ou religiosas. 

A lei para o povo judeu, não era apenas um conjunto de regras, para eles tinha a ver com a própria existência, a lei faz parte do pacto que Deus fez com esse povo, era condicional o fato de obedecerem a lei se quisessem possuir a terra, serem abençoados, prósperos e frutíferos (ver Deuteronômio 28)

O povo judeu aprendeu a duras penas que não deveriam deixar de observar, pois isso implicaria e severos juízos. Eis aqui a grande diferença em relação a lei dos homens e a lei de Deus. A lei de Deus é perfeita e justa, ela realmente se aplica a todos independente da classe ou posição. Diante de Deus todos realmente são iguais. Não existe favorecimento ou camaradagem para livrar o culpado.

  • A lei dos homens
A lei é um conjunto de normas jurídicas que estabelecem regras de caráter obrigatório para a sociedade, criada por autoridade legisladoras. No papel, todos são iguais perante a lei, na prática não é bem assim. Qual a razão disso? A corrupção moral dos homem os impede de agirem com justiça, imparcialidade e isonomia.
As leis dos homens possuem vários dispositivos que acabam por favorecer os poderosos. Esses dispositivos chamamos vulgarmente de "brechas". Mesmo que sejam legais, pois estão ali inseridos na lei, para a maioria da população isso soa mas como dispositivos de impunidade. O que é pior, quando vemos aumentar o número de integrantes da justiça que não interpretam mas a lei na sua literalidade e sim na sua subjetividade. Eis um grande perigo, pois distorcem a lei de acordo com o paciente. 
Essa distorção, mas uma vez afirmo que é por consequência da degradação moral do homem que se corrompe. Essa corrupção moral atinge a todas as classes, até mesmo a classe religiosa, essa que deveria ser a guardiã que tudo que é moral e ético. Mateus em seu evangelho demonstra isso no episódio em que Jesus expulsa os cambistas.
Precisamos entender o contexto para entender o texto.

Como disse anteriormente, a lei de Deus é perfeita e justa, nela não há falhas, porém, o homem que se corrompe acaba por distorcer a própria lei de Deus. Muitas vezes essas distorções são motivadas por um zelo extremo que é mais que um fanatismo louco, ou, a distorção se dá mesmo por leviandade. Em Deuteronômio 14.24-26 A lei descrita visava facilitar a vida do ofertante que morava distante do templo e que deveria ir anualmente a Jerusalém para oferecer suas ofertas ao Senhor. Desta forma, o que eles fizeram foi usar a lei em benefício próprio e lucrar com isso. Se é permitido vender o animal do sacrifício e trocar por moeda, então isso será interessante para nós, poderemos estabelecer um comércio em torno disso e assim obtermos lucro.

Será que eram apenas os cambistas que lucravam com esse comércio? O templo e suas dependências não eram de responsabilidade de seus oficiais? O sumo sacerdote e os sacerdotes eram as autoridades constituídas para administrar o templo. Estes possuíam até mesmo uma guarda que estava a sua disposição se necessário fosse tirariam de suas dependências todos os cambistas, pois, na verdade todo sentido espiritual do sacrifício estava se perdendo com todo aquele comércio.
Fica a grande pergunta: Porque eles não impediram todo aquele comércio?

Isso nos leva ao tópico seguinte.

  • 4) Relativismo, um mal maior

O maior problema está no relativismo. O relativismo é como uma bebida que embriaga e te faz perder o senso de discernimento, a distinção do certo e errado. O relativismo cobre a moral e a ética, o relativismo não tem parte com o que é santo pois para ele, tudo é normal e aceitável, o relativismo impede a diferenciação entre o santo e o profano (Levítico 10.9,10)

Na bíblia encontramos inúmeros casos de pessoas que relativizaram e não distinguiram o santo do profano. Podemos começar por Sansão que era nazireu desde o seu nascimento, mas não via problema em beber vinho, ou se aproximar de cadáver. Para Sansão, tudo era normal, sem problemas, tudo era relativo (ver Números 6.1-21)

Podemos citar também Davi, ele relativizou quando viu Bate Seba, desejou a mulher do soldado Urias, arquitetou um plano que o soldado fosse morto e acabou ficando com a mulher do falecido (ver 2 Samuel 11)

Tudo tem um começo, um inicio. O mal que tão de perto nos rodeia e que é voraz precisa ser combatido ao primeiro sinal de suas ações.

Estes homens deveriam ser como um farol, como guia dos cegos e instruidores dos néscios, estavam mais cegos do que qualquer um outro.

Quando foi que tudo isso começou, sim, é importante saber. A bíblia diz: "Lembra-te onde caístes" (Apocalipse 2.5) A igreja de Éfeso foi convidada a lembrar a origem de seu erro. O filho pródigo só foi capaz de arrepender-se e voltar a casa do Pai quando reconheceu o seu erro, antes disso ele relativizou as coisas, para o filho pródigo estar na casa do Pai e estar fora da casa eram a mesma coisa, então estar fora não era um problema (Lucas 15) Todo mal, todo erro tem um ponto de partida. Tudo tem um início. As vezes começa com algo que parece simples e inofensivo. Grandes erros estão nas coisas mínimas. Sabe aquela desculpa que muitos de nós usamos: Eu sei que é errado mas Deus me entende! ou, eu sei que não pode, mas é só dessa vez!, outra: Eu sei que é errado mas é por uma causa nobre!

Não esqueça: Errado é errado!

Estes líderes religiosos "cegos" não enxergavam a impureza que se alastrava para dentro do templo. Eram extremamente exigentes com a guarda de suas tradições que chegavam a ponto de invalidarem a lei (Mateus 15.3), ou seja, a tornavam inútil no sentido de perder o seu propósito. Dito isso, esses que deveriam ser os guardiões da lei que expressa a santidade de Deus e que demonstra tanto a impureza e falibilidade humana, e que mostra a gravidade do pecado a ponto de haver a exigência de derramamento de sangue, se isso não há expiação de pecados (Levítico 17.11) Estes eram os responsáveis em ensinar os homens sobre as suas carências de Deus, sobre a santidade de Deus e sobre a santidade do lugar, e que este deveria ser tratado com zelo e respeito. 

Onde estavam os fariseus, os levitas, os doutores da lei e todos os piedosos religiosos? Por que eles não se importavam com todo aquele comércio no templo? Estes que eram tão exigentes com as tradições e que criavam tantas regras não conseguiam enxergar o que estava diante de seus olhos?
Na verdade, para extremistas religiosos a pureza da fé não existe, e sim sua regras é que são válidas e aquilo que eles mesmos estabelecem como permitido, não respeitam de fato nem mesmo àquele em quem eles dizem crer e servir.

Jesus não é relativista, não é extremista, seus discípulos não podem ser. 

  • 5) Postura de Cristo, exemplo para seus seguidores.

Jesus não se omitiu diante daquela situação, porque?

Aliás, além dessa pergunta existe uma outra. Segundo o relato bíblico havia um comércio estabelecido durante as festas. Quantas vezes Jesus havia entrado no templo e visto todo esse comércio? Bom, de acordo com a ideia que temos de que Jesus viveu trinta e três anos, então é de se supor que pelo menos ele tenha visto no mínimo umas vinte vezes esses cambistas. Porque não fez nada antes?

A resposta é tão simples e obvia que parece até uma defesa fraca, mas não é. Pense nessa atitude de Jesus um ano antes desse evento. Teria o mesmo peso? Causaria a mesma reação? Teria o mesmo entendimento?

A resposta é não. Jesus não veio a este mundo fazer a sua vontade, tudo o que fazia e falava era sempre segundo a vontade e ordem de Deus (João 12.49)) Após esse ato de purificar o templo seus discípulos entenderam o que estava descrito nas escrituras "O zelo da tua casa me consome" (João 2.17/Salmo 69.9)

Jesus ao entrar em Jerusalém como Rei e Messias tinha todo o direito de colocar as coisas em ordem, purificar a casa que fora consagrada para ser casa de oração (Mateus 21.13) pois aquele era tanto o santuário de Deus como o lugar da congregação de seu povo, e este deveria ser visto por todos os povos como exemplo de fé e de modelo de servidão a Deus.

Nós, como discípulos de Jesus, não podemos jamais e em hipótese alguma permitir que o relativismos tome conta de nossas vidas a ponto de não enxergarmos mais a diferença entre o que o santo e o que é profano.

Deus é santo, nos como povo de Deus devemos ser santos também e a casa de Deus, o templo feito por mãos humanas que é o lugar de nossa congregação deve ser ocupado u usado com respeito e zelo, pois, agindo assim glorificamos e honramos a Deus.


Na fé, na esperança e no zelo
R.Silva

Que Deus em Cristo abençoe a todos.