domingo, 17 de dezembro de 2023

Vida Renovada


 Um Homem Renovado.

Não há nada mais especial do que ter esse sentimento, essa sensação real de algo novo.

Bom, falo do que sei e conheço.
A vida com Cristo proporciona isso que é mais do que uma sensação, trata-se de uma realidade.

O corpo humano é algo tão incrível, tão complexo que é difícil acreditar que a nossa existência se deu por obra do acaso, ou mesmo por uma questão de evolução. Você sabe quantas células há no corpo humano?
São 36 Trilhões em um homem adulto e 28 Trilhões em uma mulher adulta. É muita coisa! 

As células são as responsáveis pelo que nós somos. Sem as células não haveria vida, sentimentos como amor, empatia, não teríamos a simples capacidade de raciocínio. Sabe quem as criou? Deus.

Pode parecer estranho, pois estamos tão acostumados com a vida, ou seja, viver é algo automático que não nos preocupamos em toda a dinâmica que leva para algo tão simples como o respirar.  

Deus nos criou de forma plena, completa e absoluta. Não temos ausência de nada, tudo o que precisamos está dentro de nós. 

Mas ai, vem o homem livre e decide sair da presença de Deus.

Resultado: AS MAZELAS DA VIDA.

Esse distanciamento é a causa de tudo o que há de ruim no mundo e na vida humana.

Pense comigo por um instante na parábola do filho pródigo: (Lucas 15.11-32)

Essa parábola retrata com perfeição sobre essa ideia.

O jovem na casa do Pai (Na presença de Deus) tem tudo.
Ele resolve sair de casa, viver longe da presença do Pai.

Resultado: Sofrimento (Mazelas)

Esse jovem decide voltar. Foi decisão dele, única e exclusiva dele.

Sabe o que muitos não percebem mas que está sempre presente?
A presença de Deus.

Deus jamais nos deixa só, principalmente por que não há como se esconder dela. Não quer dizer que Deus esteja em tudo, mas que ele está em todo lugar.

A decisão do jovem está baseada em sua experiência anterior. Ele recorda-se de como era viver na casa de seu pai, então decide voltar. Quando experimentamos o que há de mais terrível no mundo, quando o sofrimento supera as nossas forças, quando a dor é agonizante, quando o mundo desaba sobre nós, para quem recorremos?

A primeira reação que temos e algo inevitável é a expressão: Ai meu Deus!

É um pedido de socorro, é um desejo inerente, é uma vontade de retorno. Retornar para onde?

Para a presença de Deus (para a casa do Pai) para um lugar seguro.

Todos nós possuímos parte de Deus. Temos em nós a centelha do ETERNO (Bendito seja o seu nome) eis a razão do sentimento, do desejo de retorno para esse lugar onde muitos nem sabem que é seu lar. Meus irmãos, dele viemos e para ele retornaremos. Estar em sua presença aqui nessa realidade terrena nos proporciona a sensação real de RENOVAÇÃO e de RENASCIMENTO.

O cristianismo, quando me refiro a ele, não me refiro a religião, e sim a realidade de uma vida com Cristo que é algo totalmente diferente do que seguir regras, dogmas e liturgias. Claro quem todas essas coisas são válidas e definem certos parâmetros, porém não exprimem com totalidade absoluta o que é ser um CRISTÃO. Cristianismo é a prática da fé em Cristo é claro, mas vai além, é seguir e viver conforme os seus ensinos. Dito isso, o resultado é o de plena comunhão com Deus, por isso digo que o cristianismo (esse explicado em simples palavras) é o que nos proporciona essa sensação real de RENOVAÇÃO E RENASCIMENTO. A parábola do Filho Pródigo nos mostra isso, o Pai ao receber o filho de volta lhe calça sandálias, troca-lhe a roupa, coloca-lhe em seu dedo o anel, lhe oferece um banquete e comemora a ressureição daquele que estava morto. Essa é uma descrição exata da dinâmica que nos leva de volta para Deus. A certeza que não pertencemos ao sofrimento e as mazelas, de que há um lugar para retornar, um lugar seguro em uma presença maravilhosa e que basta uma simples decisão de retorno para que isso aconteça. Não se trata de uma simples parábola, uma metáfora ou alegoria. Quando Jesus proferiu essa parábola ele estava mostrando uma coisa: Não importa se você escolheu viver longe do pai, o importante é quando você decide voltar pois terá Ele te esperando de braços abertos.
Quando o jovem retorna ele não encontra hostilidade por parte do pai e nem tão pouco cobranças e queixas por sua desventura. O Pai lança tudo no mar do esquecimento e o que lhe importa é o regresso de seu filho e com isso ele celebra.

Celebração é a tônica da vida com Deus e a realidade para aqueles que estão em sua presença. É a melhor sensação que há, é uma sensação REAL.

Agora eu lhe pergunto: Você já viveu esse experiência? Já sentiu algo real assim?

Gostaria de experimentar?

Tome a decisão de voltar para a casa do PAI. SIMPLES ASSIM!

Ele te espera e te ama.


Em oração, esperança e fé


 
    R.Silva
Apenas um servo.

domingo, 16 de abril de 2023

Judaismo e Cristianismo


 

Judaísmo e Cristianismo

Não há nada mais prazeroso na minha opinião do que uma boa leitura. Em particular, ler a palavra de Deus é como um mergulho no oceano, vasto, profundo, belo e rico. Em se tratando do oceano, sabemos que conhecemos menos de 10%. Acredito que conhecemos pouco da palavra de Deus.Talvez um ortodoxo ou um teólogo cristão diga, isso não se aplica a nós, isso se aplica a você. Eu direi: Isso se aplica a todos. Eu explico. Se realmente conhecêssemos a palavra de Deus não cometeríamos os mesmos erros e não faríamos tanta especulação e tantas interpretações equivocadas a respeito de Deus e de seu propósito para a humanidade. Conhecer não é apenas memorizar, conhecer a palavra é viver, obedecer, respeitar, amar e estar em comunhão com Deus. Jesus disse: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada" (João 14.23)

Perceberam que conhecer a palavra de Deus está além de saber o que está escrito ou onde está escrito? Bom, essa é uma brevíssima introdução sobre a palavra de Deus. Vamos agora para algumas ressalvas sobre o tema.

Porque decidi falar sobre esse assunto?

A grande questão é: Porque não falar?

Em primeiro lugar porque essa discussão é milenar e tem seu início histórico nos primórdios da IGREJA. Em segundo lugar por conta da revisitação e esforço de alguns a respeito desse assunto. Preciso ressaltar que quando me refiro a IGREJA, não estou me referindo a uma denominação ou a uma religião. A IGREJA de Jesus não é uma denominação e muito menos uma religião. Prosseguindo. Quando essa igreja surge e dá início a sua expansão, os discípulos multiplicam-se aos montes, e com isso começa a surgir os primeiros conflitos internos. Era o início de tudo, é natural que essas coisas aconteçam no início. Um pequeno grupo sentiu-se ameaçado ao ver que as rédeas estavam saindo de suas mãos, e com isso tentaram de todas as formas permanecer no controle. O que aconteceu? Conflitos. Ao que parece o primeiro conflito se deu por acepção de pessoas motivadas por questões religiosas e étnicas. O texto diz: "ouve murmuração dos helenistas contra os judeus". As viúvas judias estavam tendo prioridades em comparação as viúvas helenistas. De acordo com o Dr. David H. Stern um judeu messiânico na página 268 de seu livro o Comentário Judaico no Novo Testamento o dr. David diz: Os hebreus acusavam os helenistas de terem desenvolvido um "judaísmo adulterado". Havia certa indisposição por parte de um grupo de judeus mais ortodoxos em relação aos judeus helenistas. Era o início de tudo, algumas arestas ainda precisavam serem aparadas. Os ensinos de Cristo nos levam a uma reflexão igualitária e sem descriminação, mas, o que vemos aqui no início de tudo é que ainda faltava amadurecimento ou disposição para superar diferenças. Além da falta de maturidade para superar diferenças, também faltava maturidade para compreender o avanço do reino a todos os povos.

De acordo com o relato bíblico parece que o sentimento que dominava o coração dos líderes judeus também estava no coração de alguns da igreja "Então os judeus, vendo a multidão, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava" (Atos 13.45)

Até o primeiro século a igreja era formada em sua maioria por judeus, para estes, a comunidade cristã deveria ser como uma continuidade do judaísmo, e sendo assim, deveriam seguir as mesmas regras. Preciso ressaltar que essa era a visão dos judeus que faziam parte da comunidade cristã, visão essa que não era partilhada pela maioria dos judeus da época. Vale ressaltar que também não é o pensamento dos judeus dos nossos dias. Para os judeus que não creem em Jesus como o Messias o cristianismo não passa de mais uma religião. O ponto de destaque desse nosso compilado é: O Cristianismo não é a continuidade do judaísmo. A igreja cristã nasce em berço judaico, porém, não é a continuidade daquele.

Diferentemente do que aconteceu no primeiro século, quando a pressão para que se seguisse os costumes judaicos era por parte dos judeus que faziam parte da comunidade cristã, hoje os que estão fazendo essa pressão são "cristãos" sem nenhuma origem judaica. Estes, fascinados com toda mística que envolve os símbolos judaicos e etc, desejam o retorno e observação a certas práticas que não tem nenhum respaldo bíblico e não há qualquer menção feita por Jesus a esse respeito. Não podemos aceitar a fusão entre judaísmo e o cristianismo, mesmo que haja entre ambos vários pontos de convergência. Não se trata de qualquer tipo de animosidade em relação deste para com aquele. A questão é: O que os símbolos e tudo mais que envolvem o judaísmo representa para a igreja? Para quem ou para o que eles apontam? São eles uma realidade ou a sombra de algo? 

O cristianismo é o cumprimento da promessa, é a evolução e progressão da obra de Deus. Talvez você nunca tenha ouvido dessa maneira, não é uma pretensão de minha parte, trata-se de uma realidade. (Mais uma vez. Não confunda o cristianismo com a religião, as religiões não agregam, elas separam em grupos e em classes. As religiões promovem guerras e disputas. A essência de Cristo é a PAZ) 

Querer o retorno da igreja a essas práticas configura-se um erro grotesco. O primeiro concilio de Jerusalém foi marcado por essa disputa. Alguns queriam que a comunidade cristã recém nascida praticasse os costumes judaicos, outros no entanto se opuseram a isso. vejam o parecer do concílio: Tiago dá o seu parecer com base na palavra, tendo o entendimento de que a promessa segue um curso, inicialmente é direcionada ao povo judeu e então segue para todas as nações e povos. Após a fala de Tiago e com a aprovação da assembleia, cartas são dirigidas aos gentios desobrigando-os de seguir os costumes judaicos. (Atos 15.7-30) Esse é o resumo do que foi tratado. Para maiores detalhes sobre o assunto ler (Atos 15.1-30)

Parece que a questão estava resolvida não é mesmo? 

Logo após Paulo ter recebido as cartas desobrigando os gentios de seguir os costumes judaicos, Paulo sai em viagem missionária e leva consigo o jovem Timóteo. Curiosamente, Paulo se vê obrigado a circuncidá-lo. "Circuncidou-o por causa dos judeus daqueles lugares" (Atos 16.3) 

Vamos de um breve resumo sobre quem era Timóteo? 

Timóteo era um jovem natural da cidade de Listra, região da Licaônia, uma província romana. Seu pai era grego e sua mãe judia. Ao que tudo indica Timóteo não seguia os costumes da fé de sua mãe. Ou seja, não era circuncidado, Paulo então se vê obrigado a circuncidar o jovem. Esse episódio é motivo de debates, pois, parece uma contradição, uma vez que Paulo vai até Jerusalém se opor a um grupo de judaizantes que obrigavam os irmãos gentios a se circuncidarem com a alegação de que não seriam salvos se não o fizessem. Porque Paulo então faz o oposto nesse episódio? Seria plausível pensar que se tratava de estratégia para não por impedimento a pregação e trânsito de Paulo entre os judeus tendo o jovem Timóteo em sua companhia, seria esse o motivo de Paulo ter circuncidado o jovem Timóteo mesmo que isso parecesse estranho? Acredito que sim, uma vez que Paulo mesmo menciona isso: "Então, Paulo e Barnabé, lhes responderam corajosamente: Era necessário anunciar primeiro a vocês a palavra de Deus; uma vez que vocês a rejeitam e não se julgam dignos da vida eterna, agora nos voltamos para os gentios. Pois assim o Senhor nos ordenou: Eu fiz de você luz para os gentios para que você leve a salvação até aos confins da terra" (Atos 13.46, 47)

A solução para esse impasse seria simples de se resolver. Bastava a Paulo não levar o jovem Timóteo, ou, manter-se firme e não aceitar a circuncisão. Ao que tudo indica, esse episódio ao invés de enfraquecer o entendimento de Paulo serviu de fortalecimento para o oposto. Paulo está mais convicto e determinado em seu entendimento sobre a diferença entre o judaísmo e o cristianismo.

É de conhecimento de todos que Paulo é visto como o apostolo dos gentios, aliás, ele mesmo assim se denomina em várias de suas cartas. "Dirijo-me a vós outros, que sois gentios! Visto, pois, que eu sou apóstolo dos gentios, glorifico o meu ministério" (Romanos 11.13) 

"Pois aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão também operou eficazmente em mim para com os gentios" (Gálatas 2.8)

"Para isto fui designado pregador e apóstolo (afirmo a verdade não minto), mestre dos gentios na fé e na verdade" (1 Timóteo 2.7)

Dentre os escritores do novo testamento não há outro semelhante a Paulo que possua conhecimento profundo do judaísmo e com entendimento do que é o cristianismo.

Paulo está convicto da distancia que há entre um e outro, ele expõe a fraqueza dos irmãos da Galácia que estava sedendo aos judaizantes.

"Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo" (Gálatas 1.6,7)

Paulo chama isso de transtorno. TRANSTORNO: Alterar, contrário, prejuízo.

Essa mistura de cristianismo e judaísmo configura-se em um transtorno, algo contrário a mensagem do evangelho. Paulo na introdução de sua carta menciona que Deus nos chamou para a graça de Cristo e não para a imposição da lei.

Paulo mostra aos irmãos que seu histórico no judaísmo daria a ele mais do que a qualquer um outro o direito de exigir que todos seguissem os costumes judaicos, porém o que Paulo faz é o oposto. Paulo defende a desobrigação aos gentios de seguir tais costumes, esse entendimento foi unânime no primeiro concílio de Jerusalém, mais ainda assim havia àqueles que não aceitavam tal entendimento.

Se fizemos um breve resumo de quem era Timóteo, é claro que precisamos falar de quem era Paulo: Saulo ou Sha'ul. Nascido na cidade de Tarso da Cilícia, instruído no Judaísmo em Jerusalém aos pés de Gamaliel (Gamli'el) em toda a Torah o qual foi extremamente zeloso (ver Atos 22. 3) Circuncidado ao oitavo dia (b'rit-mílah) filho de Israel por nascimento da tribo de Benjamim (Binyamin) Fariseu (parush), irrepreensível quanto a Lei (ver Filipense 3.5,6) Haveria entre os escritores do Novo Testamento alguém com maior interesse de que o costume dos judeus fossem acrescidos entre os integrantes da comunidade cristã mais do que Paulo, com todo esse seu histórico no judaísmo? É claro que não. 

Vale ressaltar que esse grupo de judaizantes na igreja primitiva era pequeno, porém influente pois eram persuasivos. Eu explico os motivos: O judaísmo é fascinante em toda a sua essência. Os símbolos, os objetos, as festas, a liturgia, a história, os patriarcas, o templo e tudo o mais, todas essas coisa possuem um apelo muito forte. Não só um apelo, um significado extremamente importante. Porém, a questão é: Importante para quem? Qual o significado de tudo isso?

Todo o meu respeito aos símbolos e tudo o mais. Eu sei o que eles significam.

Vale ressaltar que um número grande de judeus da época creram que Jesus era o messias e até mesmo sacerdotes, porém, a maioria não. (ver Atos 4.4 e Atos 6.7)

"Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam a fé" (Atos 6.7)

Porque todos não creram? Porque esse grupo se opunha a Paulo?O que Paulo pregava de tão estranho para eles?

Paulo pregava a palavra de Deus, entendam que não havia o Novo Testamento, então o que Paulo falava estava escrito no Antigo Testamento. Eis alguns dos motivos da não aceitação: Inveja (Atos 13.45) Falta de discernimento (Lucas 12.56) e Dureza de coração (Mateus 13.15)

"Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho por mim anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo" (Gálatas 1.11,12)

Que revelação era essa?

De forma bem resumida, Paulo está dizendo que todas as promessas e profecias descritas na Torá: (Pentateuco) Os cinco primeiros livros de Moisés, nos Profetas (Josué, Juízes, Samuel, Reis, os três profetas maiores e os doze menores), nos Escritos: Samos, Provérbios, Jó, Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias e Crônicas (Estou usando a Divisão Judaica da bíblia) apontavam e tem o seu cumprimento em Jesus.

Meus total respeito ao povo judeu, afirmo que tenho grande admiração por esses que chamo de meus irmãos na fé. Temos em comum o mesmo pai na fé que é Abraão, cremos na mesma escritura, cremos no mesmo e único DEUS. Estou certo que em tratando-se do contexto histórico, cultural e significado dos originais eles são mestres, não há outra fonte se não eles no que diz respeito as escrituras, afinal, a bíblia foi escrita por judeus, no contexto judaico e os que deram início a igreja também eram judeus. Não estou me opondo a ninguém, porém é necessário deixar claro de quem é quem, e o mais importante, em que momento estamos no plano de Deus. É disso que se trata.

Para nós que cremos, a bíblia é a palavra de Deus e por tanto a maior autoridade em qualquer assunto. Bom, ela diz que Deus fez de ambos, um só povo. 

"Portanto, lembrem-se de que anteriormente vocês eram gentios por nascimento e chamados incircuncisão pelos que se chamam circuncisão, feita no corpo por mãos humanas, e que naquela época vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel, sendo estrangeiros quanto as alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vocês, que antes estavam longe, foram aproximados mediante o sangue de Cristo. Pois ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um e destruiu a barreira, o muro de inimizade, anulando em seu corpo a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças. O objetivo dele era criar em si mesmo, dos dois, um novo homem fazendo a paz, e reconciliar com Deus os dois em um corpo, por meio da cruz, pela qual ele destruiu a inimizade. Ele veio e anunciou a paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto, pois por meio dele tanto nós como vocês temos acesso ao Pai, por um só Espírito. Portanto, vocês já não são mais forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário no Senhor. Nele vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito" (Efésios 2.11-22)

O que Paulo está dizendo é que não há diferença, superioridade, meritocracia por idade ou algo do tipo, Paulo está dizendo que todos usufruímos dos mesmos privilégios, acesso, direitos e deveres. Os que creem em Jesus são um só POVO independente se sua nacionalidade ou cultura. O que nos une como um só é a fé em Jesus.

Agora o que me espanta é que alguns "cristãos" ficam tão perplexos diante de um rabino. Eu não entendo! Calma, não estou diminuindo e nem sendo desrespeitoso. Um rabino deve ser respeitado, e mais ainda entre o seu povo, mas, se este não crê que Jesus é o messias, então lhe falta clareza sobre a palavra de Deus. Um dia desses fiquei perplexo ao ver um "estudioso" cristão gaguejando diante de um rabino, eu até entendo o receio de pronunciar palavras em hebraico diante de um nativo, isso eu entendo, agora o que não entendo é o receio de falar de assunto que é de seu domínio como se temesse a reprovação. Claro que não se trata de uma questão de disputa, mas quero deixar claro. Não estamos em situação de inferioridade, cremos no mesmo Deus, temos os deveres, porém, temos também os mesmos direitos. Não sou quem diz, é a palavra de Deus.

Meu irmão, todo o meu respeito e reconhecimento ao povo judeu, todo o meu respeito aos "mestres" judeus, mas, para mim a curiosidade que tenho a respeito é no sentido da pronuncia correta de palavras em hebraico, seu significado e ao contexto cultural no qual foi escrito a bíblia. Nada mais do que isso. Vejamos o que diz a bíblia:

Neste ponto desejo mencionar o que está escrito no Livro aos Hebreus. Alguém disse que Paulo teria sido o escritor desse livro. A forma, a escrita, detalhes sobre a lei; os objetos do templo, os sacrifícios e o serviço sacerdotal, levam a crer que alguém como Paulo que possuía grande conhecimento sobre tudo isso poderia ser facilmente o autor desse livro, mas, não há provas conclusivas, então sua autoria é incerta. O escritor ao hebreus nos diz que tudo o que se refere a Velha Aliança, ao templo com todos os seus objetos, utensílios, as festas e os acontecimentos descritos no Antigo Testamento apontam para um único alvo: Jesus. O escritor no primeiro capitulo nos diz assim: "O filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser" (ver Hebreus 1.3) e mais, o escritor nos diz que todas essas coisas: Festas, eventos do passado, sacrifício, o sábado, a pedra, o templo, a serpente do deserto, o sacerdote, o cordeiro pascoal, todas essas coisas eram a sombra de Cristo, ou um tipo de Cristo. Agora a minha pergunta é: Se todas essas coisas eram uma figura, ou sombra de Cristo, então, porque eu devo ficar olhando ou usando essas coisas se o Messias já veio e está entre o seu povo? Não há lógica, e digo mais, além de ignorância é um desrespeito por tudo o que Jesus passou para consumar a obra de salvação. Vejo nas plataformas sociais, nos podcasts pessoas iludidas, perdidas, revisitando coisas que já perderam o propósito de EXISTÊNCIA. Eu respeito o povo judeu, já disse que os amo, respeito a fé, a palavra de Deus que é a base de sua existência é nossa. Possuímos a mesma origem, viemos do mesmo Deus, do mesmo antepassado, temos o mesmo pai na fé que é Abraão (ver texto) meus irmãos, porque olhar para todas essas coisas como alguns judeus olham, eles olham para elas e sabem que elas apontam para o messias, mas alguns deles ainda estão esperando o Messias enquanto que nós sabemos que o Messias já veio!

De acordo com o ensino de Cristo o nosso olhar para o passado está na obra executada por Jesus, e não nas figuras que o representavam. (Lucas 22.19) "E, tomando o pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim"

Entenderam que o nosso olhar para o passado é para aquilo que aconteceu e não para as sombras do que vai acontecer?

Quero mencionar um fato ocorrido em Israel no ano de 2007. Um afamado e conceituado rabino YTZHAK KADURI, causou grande alvoroço ao ter revelado o nome de YESHUA (Jesus) como sendo o Messias, disse ele que havia tido um encontro com o Messias. Seus discípulos testemunharam que o rabino que era considerado Rosh Hamekualim (Cabeça dos cabalistas) em seus últimos sermões sempre citava sobre o Messias e que sua vinda estava próxima. Rabino Ytzhak Kaduri morreu em 2006 mas deixou registrado na história algo sobre o Messias Jesus. Fonte: http://shalom-israel-shalom.blogspot.com.br e http://judeus.blogspot.com.br

O que isto tem a ver com a igreja? em termos de confirmação, nada!. Pois a revelação de Jesus para a igreja já é uma realidade a mais de dois mil anos, mas este episódio mostra uma coisa, que o povo judeu nos últimos dias receberá revelações sobre o Messias. "E aos violadores do concerto ele, com lisonjas, perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se esforçará e fará proezas. E os sábios entre o povo ensinarão a muitos" (Dn 11;32,33) Enquanto esta geração recebe a revelação, a igreja no em tanto já a tem. Posto isto veja o que disse Jesus: "Por que a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado" (Mt 13.11)"Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou, e as notificou a João seu servo" (Ap 1.1)"Mas todas estas coisas são o principio das dores" (Mt 24.8) e Paulo fortalece esta ideia pois, ele como participante do reino recebeu o conhecimento e disse: "Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida, e de modo nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, já não estais em trevas para que aquele dia vos surpreenda como um ladrão" (1Ts 5.3,4) 

Observem algo aqui meus irmãos, Deus nos deu a revelação, ou seja, Ele revelou-se e nos trouxe a verdade sobre todas as coisas. Não somos melhores do que ninguém, não podemos cair no erro de olhar com hostilidade para os nosso irmãos judeus e nem tão pouco olhar com superioridade. Na verdade o propósito de Deus sempre foi e será fazer de ambos os povos um só povo. No reino de Deus não existe espaço para diferenças ou divisões. Esse tema é delicado e já causou no passado por ambas as parte vários conflitos. Não é isso o que Deus quer. Já foi dito no passado que somos o novo Israel, isso é um engano. Só existe um Israel, assim como existe um só povo de Deus, e este é composto por todos os que se reúnem em seu nome. Quanto a revelação do Messias, chegará o tempo que toda a nação de Israel saberá quem ele é. Sei que há muitos lá que já sabem, nós já sabemos, porém haverá um momento em que estaremos todos juntos como um só povo, um só rebanho e todos teremos o mesmo pastor. 

A diferença entre o judaísmo e cristianismo.

O judaísmo olha para o passado e para os símbolos sabendo que todas essa coisas apontam para o Messias que virá, enquanto que o cristianismo olha para todas essas coisas e sabe que o Messias já veio. Eles aguardam a chegada do Reino, nós, já vivemos a realidade do Reino.

Para uma leitura mais detalhada sobre a chegada do Reino de Deus ver no link abaixo.

https://prrolandrosilva.blogspot.com/2015/08/venha-o-teu-reino.html, 

Resumindo, assim como a vinda do Messias se dá em duas etapas, da mesma forma o Reino também. Jesus vai nos dizer que: O Reino é chegado (Mateus 4.17/10.7 ARC) O Reino está próximo (Lucas 19.11/Lucas 22.18) parece uma contradição mas não é. Há uma explicação para isso. O Teólogo Gerge Ladd em seu livro: A PRESENÇA DO FUTURO nos dá uma explicação qual compartilho. "O Reino de Deus vem de forma imediata e verdadeiramente, mas de forma parcial para todos aqueles que depositam a sua confiança em Jesus...Entretanto, no futuro, no final da história da era presente, quando Jesus retornar, ele vai inaugurar o Reino de forma completa". 

Eis a grande questão. Para os que questionam a messianidade de Jesus, a falta de paz na terra é a prova de que ele não é Messias, pois se fosse, haveria paz na terra, uma vez que missão do Messias é trazer a paz. Vejam o que disse Jesus: "interrogado pelos fariseus sobre quando viria o Reino de Deus, Jesus lhes responde: Não vem o Reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque O Reino de Deus está dentro de vós" (Lucas 17.20,21)

Mais uma vez os recomendo a uma leitura mais aprofundada sobre o Reino de Deus  e as provas de que Jesus é o Messias:

https://prrolandrosilva.blogspot.com/2015/08/venha-o-teu-reino.html

Não usamos de desculpas esfarrapadas e engendradas, cremos no que diz a palavra de Deus e cremos no testemunho dos que presenciaram a chegada do Messias: "O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho, Jesus Cristo." (1 João 1.3)

Não há dúvidas de que o Messias já veio, seu nome é Jesus (se preferir: YESHUA) a promessa se cumpriu e está em progresso da sua totalidade. Tudo o que no passado foi mostrado, construído (Templo e seus objetos), as festas, a liturgia, o sacerdócio e tudo o mais apontavam para Ele. Jesus. 

Há muito para ser dito, tantos livros escritos falando do assunto. Não pretendo me alongar ainda mais. Finalizo dizendo: Há uma grande diferença entre os que olham para os símbolos, guardam dias e etc e nós que cremos no cumprimento da promessa.

Como o próprio Jesus disse: "Eu, porém, vos digo que Elias já veio, e fizeram com ele tudo o que quiseram, como a seu respeito está escrito" (Marcos 9.13)

Ele era a pedra que os seguia no deserto (1 Coríntios 10.4), ele era a pedra que os construtores rejeitaram e que tornou-se pedra angular (Atos 4.11) ele é maná (João 6.51) O cordeiro que tira o pecado do mundo (João 1.29) Jesus é maior que o Templo (Mateus 12.6) Maior que Moisés (Hebreus 3.3)  Ele é maior e é senhor do sábado (Marcos 2.28) Não é apenas senhor, ele é o nosso sábado, o nosso descanso (Mateus 11.28) 

O escritor aos hebreus nos diz que o Povo de Deus aguarda um descanso. "Portanto, resta um repouso para o povo de Deus" (Hebreus 4.9)

Nós aguardamos o repouso de toda a nossa labuta, até que esse dia chegue, continuaremos em nossa jornada, crendo, confiando e anunciando a mensagem do evangelho, as boas novas de salvação. Como diz o profeta: "Olhem para ele e sejam salvos" (Isaias 45.22/João 3.14,15)

Ele é o cumprimento de todas as coisas. Ele é Jesus, ele é o salvador, ele é o Messias. 

"Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, neste últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo" (Hebreus 1.1,2)

Ainda mais, a bíblia diz que para ele é que todas as coisas convergem (Efésios 1.10)

Para finalizar, nas palavras de Jesus: "ele veio para cumprir a lei e os profetas" (Mateus 5.17) Nas palavras do Pai: "Este é o meu filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi" (Mateus 17.5) Neste último episódio, diante de Jesus estão Moisés e Elias. A lei e os profetas. Deus diz: Ouçam o meu Filho.

Ele é o cumprimento de todas as coisas, ele é voz a ser ouvida.

Na fé, na certeza e na esperança 

R.Silva






quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Elias, um homem, uma missão







 Então Elias disse a todo o povo: "Aproximem-se de mim". O povo aproximou-se, e Elias reparou o altar do Senhor, que estava em ruínas.

Depois apanhou doze pedras, uma para cada tribo dos descendentes de Jacó, a quem a palavra do Senhor tinha sido dirigida, e disse: "Seu nome será Israel".

(1 Reis 18.30,31)

Introdução:

Quero dar início a essa escrita usando a seguinte máxima: Entender o texto é mais importante do que apenas conhecer o texto. Há lógica no que digo, por exemplo: Você pode conhecer uma pessoa, porém, isso não signifique que você a entende. Certo?

O motivo de começar com essa máxima se dá pelo fato do que está por trás dessa passagem bíblica, e, principalmente por causa das inúmeras interpretações e exageros de aplicação do texto. Contemporizar, ou contextualizar não significa liberdade para distorcer, e isso tem acontecido com muita frequência . O texto em questão trata mais do que um simples embate entre o profeta Elias e os profetas de baal. Dito isto, precisamos conhecer e entender do que se trata afinal.

É importante também mencionar o que nos diz o apostolo Pedro a esse respeito. (2Pe 1.20) "Sabendo primeiramente isto: Que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação".

Feito as ressalvas, vamos ao texto.

O texto em questão trata de algo de grande importância, trata da identidade de um povo. Não um povo qualquer, estamos falando do povo escolhido de Deus. Israel estava enfrentando o pior momento de sua história, aliás, permita-me fazer a correção, Israel não estava enfrentando, muito pelo contrário, Israel estava sendo vitimado por um ataque mortal vindo do lado de dentro. A identidade desse povo estava em risco, diria que a um passo da extinção. Talvez você pense: Isso seria possível? Eu respondo, é claro que sim, pois, qual o motivo de Deus intervir? 

Se não fosse a intervenção divina essa identidade do povo como nação escolhida estaria perdida. Dizem que uma geração é formada a cada 20 anos, e foi justamente esse o tempo aproximado do reinado de Acabe. Durante o período do seu governo, Acabe tem como propósito prioritário a implantação de uma nova cultura. O ser humano em si não é isso que vemos do lado de fora, como aparência e etc. a pessoa de fato é o que está do lado de dentro e isso é refletido para o lado de fora. É no período de tempo de 20 anos que o caráter e a personalidade do individuo são formados, ou seja, é o tempo que leva para você ser de fato quem você é.

Para deixar claro não estamos usando como base a psicologia, isso seria fraco de mais, pois, a nossa base é a palavra de Deus, ela sim é a maior autoridade e é anterior a toda a ciência. Todas as ciências são posteriores aos ensinos de Deus, a palavra de Deus é fonte para tudo, mesmo que a classe cientifica não a reconheça, aliás, nós não precisamos das afirmações e comprovações da ciência, crer em Deus e em sua palavra não tem a ver com o que a ciência diz, crer em Deus trata-se de uma questão de fé, e isso a ciência não pode explicar. 

Vamos ao texto. 

Intervenção e conserto.

É interessante como Deus age sempre no momento certo, ele não se atrasa e nem se adianta. Vale ressaltar que Deus é motivado a agir quando os homens falham e perdem o controle da situação. E foi isso que aconteceu. Deus foi motivado a agir. Deus deu ao homem capacidades, deu a este poder para criar e preservar, este foi criado a sua imagem e semelhança (Gn 1.26) Não é isso o que nos diz o texto de Gênesis? É claro que esse poder não se iguala ao de Deus, é apenas um correspondente limitado ao propósito para o qual o homem foi criado. Deus espera que o homem crie coisas para o seu bem, para o bem da humanidade e preserve tudo para a glória de Deus, esse é o propósito. Quando o homem se distância do caminho (propósito) Deus invertem e procura traze-lo de volta. Deus escolhe um homem para trazer o povo de volta. A missão é restaurar a identidade do povo, essa identidade criada ao longo de um processo não estava sendo preservada. Deus tem que agir, e ele escolhe um homem. Quem era esse homem? Elias, esse era o homem.

Traçar o perfil desse homem não é uma tarefa tão fácil, haja vista que os relatos sobre esse personagem são escassos. Não há menção sobre seus pais, sua infância, sua ocupação e chamado, não há nada. O que temos sobre Elias é um relato na bíblia onde ele aparece de forma abrupta na história. Elias simplesmente aparece (1Rs 17.1) Porém, se não há menção na bíblia e nem na história comum sobre esse homem, como então seria possível traçar o seu perfil? A resposta é simples: Colhendo os grãos disponíveis na bíblia. A bíblia nos fornece de forma bem resumida as informações a respeito dele, a primeira informação que podemos coletar é sobre o lugar de seu nascimento, Tisbé. Um pequeno vilarejo situado na região de Gileade. Tisbé parecia ser um lugar sem importância até esse momento, não se engane, na bíblia não existe nada sem importância, basta olhar para a localização de Tisbé. Esse vilarejo ficava a leste do rio Jordão, nas proximidades do vau de Jaboque. Esses dois lugares foram marcados por grandes eventos. Foi no rio Jordão que Deus confirmou o chamado de Josué quando dividiu as águas e o povo passou a pés enxuto, e foi no vau de Jaboque o lugar do encontro de Jacó com Deus e foi ali que seu nome foi mudado para Israel. O próprio nome dos lugares nos dá dicas também sobre o propósito e escolha. Gileade. hb: "Gil'ad": Monte do testemunho. Esse nome diz muito a respeito do escolhido e sobre Deus. A situação exigia alguém de testemunho forte, Elias é esse homem. O texto nos apresenta um homem que pode ser confundido como alguém sem modos, bruto e rústico, não é o caso. Elias é um homem de postura firme, prática e sem rodeios. Assim são as pessoas das regiões rurais, são firmes quanto àquilo que acreditam e estão dispostos a defender a todo custo suas convicções. Há momentos que Deus escolhe alguém de modos mais refinados, diria que seria algo do tipo como um cirurgião usando um bisturi, cortes finos e precisos, mas, há momentos que Deus escolhe alguém como um guerreiro escolhe uma espada. As espadas são armas que disferem golpes duros e lacerantes. Elias não é um bisturi, ele é uma espada. 

Testemunho também tem a ver com fidelidade, com pacto. Deus é um Deus de pacto, ele vela pela sua palavra para a cumprir (Jr 1.11,12) Deus prometeu a Abraão duas coisas principais: 1) Descendência numerosa 2) Descendência abençoada e abençoadora (Gn 12.2,3) Deus não iria permitir que sua palavra viesse a cair por terra, afinal, ele havia feito promessa. Vale ressaltar que a promessa se refere tanto aos filhos naturais, bem como os filhos da fé  (Rm 4.11/Rm 4.16-25/Gl 3.7/Tg 2.21) os quais são todos àquele que pela fé crêem em Deus. É importante mencionar que a ligação espiritual é mais forte e sólida que a ligação de sangue, pois essa transcende todas as limitações.(ver Mt 3.9/Jo 8.39) Ainda falando de Gileade. essa região pertencia aos filhos de Manassés, isso quer dizer que Elias era da tribo de Manassés. Para quem não sabe, Manassés era o filho mais velho de José. (Gn 48.13-20)  Deus tinha um propósito particular com os filhos de José. Veja o que nos diz Deus a respeito: (Sl 60.7) "Meu é Gileade, meu é Manassés; Efraim é defesa de minha cabeça; Judá é o meu cetro"

Deus jamais faz escolhas aleatórias, em tudo há um propósito e um porque. Ele escolhe as pessoas certas dos lugares certos e no tempo certo.

Curiosidades sobre Gileade:

Existem quatro curiosidades sobre Gileade que podem ser vistas como uma dica do porque da escolha. Como disse, pessoas e lugares são escolhidos com um propósito. Deus não faz escolhas aleatórias.

1) Lugar do juramento entre Jacó e Labão, 2) Lugar onde Jacó teve seu nome mudado para Israel, 3) Lugar do nascimento do profeta Elias, 4) Lugar de um famoso bálsamo.

Dentre estas quatro curiosidades mencionadas, quero destacar o bálsamo: hb: "Seri", este bálsamo era bem famoso, tal fama ultrapassava as fronteiras de Israel. Esta fama fora mencionada tanto na bíblia, bem como na literatura universal. Suas utilidades eram muitas, destas, a de maior fama era de ser um poderoso medicamento com propriedades curativas (Gn 37.25/Ez 27.17/Ez 51.18), não era isso que Israel estava precisando? Deus nos dá uma dica poderosa sobre qual era o seu propósito. Deus usaria Elias para curar Israel, restaurar a identidade perdida.

l. O plano de Deus.

Resumo do plano: RESTAURAÇÃO E CURA

1) Executor: Elias

2) Missão: Restaurar o altar.

2.1 Restaurando o altar.

Restauração da identidade: .

Já falamos sobre Elias e sobre ele ter sido o escolhido para essa missão, nos resta falar sobre como a missão foi executada. 

Elias deveria realizar essa obra de acordo com a orientação dada por aquele que o havia escolhido. "e que conforme a tua palavra fiz todas essas coisas" (1Rs 18.36)

Elias não idealizou o plano, ele o executou. É claro que o servo de Deus é capaz de enxergar o problema e é capaz também de fazer algo para resolver o problema, a grande questão é: Aquilo que eu vejo e a forma como eu penso em fazer trará realmente o melhor resultado? O problema será resolvido?

Não temos certeza, somente Deus tem certeza de tudo.

Seguindo a orientação de Deus.

A bíblia não diz, mas eu imagino; quando Elias vivia a sua vida em seu vilarejo e em seus momentos de oração ele intercedia em favor do povo, pois sabia dos problemas, então, Deus lhe diz: Vou te usar (são apenas conjecturas) Tu irás fazer isso, isso e aquilo. Elias então diz a Deus: Senhor, eis me aqui. Acredito que foi assim que aconteceu.

A partir daí é que Elias segue em direção a sua missão, ele deve ir ao lugar direcionado, fazer e falar o que Deus lhe havia dito.

É exatamente isso o que diz a bíblia: (1Rs 17.1, 2, 5, 8, 14, 36)

O próprio Elias nos diz: "Fiz conforme a tua palavra" (1Rs 18.36)

Assim vivem os que são guiados por Deus. Posso me recordar de um tempo em que os crentes eram menos afoitos e menos precipitados como alguns de hoje. Basta uma análise sincera e perceberemos a diferença em tudo. Vida cristã comedida, sincera e de bom testemunho, os ministros de Deus eram homens sérios e o poder de Deus na vida deles era real, não é como muitos que nós vemos hoje que mais parecem ou querem parecer com estrelas com todo esse apetite pelo estrelato, com seus programas e com todos os seus seguidores. Aliás, vale ressaltar que o brilho da estrela só é visto quando o sol não está brilhando. Entenderam? É exatamente o que está faltando na vida desses ai, o brilho do sol da justiça. É claro que não estou generalizando, mas acredito que você concorda comigo, tem uns por ai que só a misericórdia. Olhemos para os cantores gospel de hoje, parecem cristão, inspiram vida cristã? Olhem para as letras de sua músicas, são letras inspiradas por Deus? No passado, e quero dizer que não sou saudosista, apenas a titulo de comparação, mas no passado tudo era diferente e mais crentes possuíam essa preocupação que é a de ser guiado por Deus, eles eram ensinados por homens que tinham uma vida no altar e que buscavam a direção de Deus para tudo, e estes homens ensinavam os fiéis a fazerem o mesmo, então o que tínhamos era uma comunidade cristã que buscava a Deus e que buscava a orientação de Deus. As conversões eram reais, as vidas eram transformadas, havia sede no povo para buscar a Deus. Os ministros de Deus não ousavam em abrir a boca para dizer: Assim diz o Senhor, ou Deus mandou dizer, se Deus não houvesse dito para eles. Havia temor. E hoje? Os de hoje são mais ousados é usados dos que os de ontem? Talvez você diga: Claro, olhe só, os números e as conquistas são irrefutáveis. Ai eu te digo, só porque estão sentados em seus tronos dourados e estão dentro de palácios (as catedrais) isso quer dizer que o que fazem tem a aprovação de Deus? Vocês esqueceram o que diz a bíblia sobre a igreja de Laodicéia ? (Ap 3.14-20) O que é riqueza e o que é belo para os homens não quer dizer que o seja para Deus.

 "Assim diz o Senhor Deus: Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito  e que nada viram" (Ez 13.3) 

Leiam Ezequiel 34. 2, 8 e 2 Timóteo 3.1-9

Não se enganem, esses tais estão em busca de interesses próprios, o objetivo deles não é o reino de Deus e sim o reino dos homens.

Elias é diferente, ele obedece a orientação divina. A recomendação inicial é: Apresente-se a Acabe.

A aparição de Elias foi dramática e intensa, e deveria ser assim mesmo. Assim como foi a aparição de Elias, assim seria o agir de Deus.

O primeiro contato havia sido feito, a mensagem fora entregue, agora Deus diz: Retira-te e esconde-te. Essa foi a segunda orientação. O homem sai de cena e Deus passa a agir. O que acontece a partir daí ?: Houve uma grande seca.

Deus disfere um golpe fatal, bem no coração da situação. Acabe estabelece o culto a baal em Israel. Quem era baal, ou o que era atribuído a baal? 

Baal era visto como o responsável pela fertilidade, germinação e crescimento da lavoura e de rebanhos, com a seca, Deus estava o expondo.

O passo seguinte de Elias estava dentro dos planos de Deus. Quando a seca começa gerar indignação do povo e a situação começa a ficar insustentável para o governo, então, Acabe manda que seus oficiais saiam em busca de Elias para achar uma solução (1Rs 18.5) o desespero era tão grande que até o rei foi em busca de Elias (1Rs 18.6) 

(1Reis 18.1) Três anos de seca. Se a situação já estava insustentável para a casa do rei (1Rs 18.5) imagine para a população que começou a perder o ânimo e fazer perguntas. Isso gerou mais do que fome em toda a nação, isso gerou questionamentos. Era o que Deus pretendia. 

Elias encontra-se com Obadias, mordomo de acabe (1Rs 18.7) e esse lhe diz que irá encontrar-se com Acabe (1Rs 18.15) Chega o grande momento. Deus age na hora certa, ele escolhe o momento certo de agir. Tudo estava conforme o seu plano, os três anos de seca foram suficientes para causar o efeito que Deus pretendia. Somente Deus é capaz de saber o modo certo de agir e saber que sua ação causará exatamente o efeito pretendido por ele.

O controle de Deus é nítido, o homem por mais capaz que seja e mais poderoso que possa ser, não se iguala de forma nenhuma a Deus (por mais que alguns pensem ao contrário. LOUCOS!)

Deus direciona o seu servo Elias para que este reúna o povo. O lugar é exatamente  onde Deus quer (1Rs 18.19) 

O monte Carmelo. Uma cordilheira que mede algo em torno de 30 km de comprimento, não se trata de uma única montanha, esse lugar é composto de várias montanhas, o ponto mais alto fica a 575 metros acima do nível do mar e o pico mais baixo a 184 metros. Mas não é a altura da montanha a questão, nem o seu comprimento, a questão é o lugar, seu nome, e o que ele representa e o propósito da escolha. Carmelo significa lugar fértil. Não havia nada de fértil em Israel nesse período, muito pelo contrário. O lugar e a nação estavam desolados, assim como a fé e a identidade do povo. Esse lugar, assim como os demais montes que haviam em Israel eram comumente usados para sacrifícios, por isso Elias escolheu o monte segundo a direção de Deus. Era ali, como em outros lugares, que o povo adorava a baal (1Rs 16.33) os altares eram erguidos nos montes e nos bosques. Em Israel o templo não era o único lugar de adoração, o povo tinha o costume de adorar a Deus nos montes também, por isso quando Acabe induz o povo a adorar outros deuses nesses lugares, ele passava a ideia de substituição. Quando Deus orienta Elias a convidar o povo para ir até o monte Carmelo, o propósito está claro. Colocar a prova os deuses e saber dentre eles quem de fato é Deus. 

O altar. O altar identifica o adorador assim como identifica o adorado. Altar é identidade.

O passo seguinte a ser dado é: Confrontar o povo a respeito de sua identidade. (1Rs 18.21)

"Até quando coxeareis entre dois pensamentos?"

Aquele era o momento de tirar todas as dúvidas. Quem vocês são, e quem é de fato Deus.

Acabe reinou em Israel por um período de 22 anos (1Rs 16.29) um dos propósitos do seu reinado, juntamente com a sua companheira do mal foi influenciar Israel a assimilar uma outra cultura e com isso implantar uma nova identidade. Um nação é reconhecida por sua localização geográfica, sua religião e idioma; em suma, é assim que identificamos uma nação.

A mudança de hábitos religiosos faria com que esse povo que se identificava como o povo escolhido de Deus passasse a ser reconhecido de uma outra forma. Percebem o que estava em jogo?

Tudo começa e termina no altar.

Se o altar de adoração for substituído, logo, o deus adorado no altar é substituído também.

Deus diz para Elias, chame-os e convide-os para o altar.

A restauração.

Elias reúne o povo, reúne doze pedras. Antes de iniciar o sacrifício, Elias diz algumas palavras (1Rs 18.30,31)

"Israel será o teu nome" (1Rs 18.31)

Ao repetir essas palavras, Elias está fazendo com o que o povo se lembre de que eles possuem uma identidade. Eles não eram um povo qualquer, eles eram o povo escolhido de Deus, e por assim ser, deveriam viver de acordo com a palavra que veio até eles para que então se diferenciassem dos demais povos. O chamado de Israel é ser luz para todas as nações, assim como Deus chamou a todos os seus servos para o serem (Jo 15.16/Mt 5.14)

Não é isso que o inimigo de nossas almas deseja? O que ele quer e para isso luta é fazer com que deixemos de lado o nosso propósito de sermos luz para que os homens permaneçam nas trevas.

Quando a obra é de Deus, quando a orientação é de Deus o resultado é esse:

(1Rs 18.37-39) O resultado não poderia ser outro. Elias tem certeza de que o povo será restaurado: "és Deus, e que a ti fizeste retroceder o coração deles"

"então caiu fogo do céu"

Enquanto que os sacerdotes de baal pulavam, gritavam e se cortavam e nada acontecia, Elias ora e Deus responde com fogo. 

"O que vendo todo o povo, caiu de rosto em terra e disse: O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!"

Mudança, cura, restauração. Foi isso o que aconteceu!

Transformações podem acontecer de forma instantânea, porém, a manutenção desta precisa ser diária. Jesus disse que o que permanecer fiel até o fim será salvo (Mt 24.13)

Não podemos abrir mão da meditação e da obediência à palavra de Deus. É essa palavra que quando colocada em prática nos diferencia das demais pessoas, e a razão disso não é causar divisão, o propósito é inspirar. Deus, ao criara a humanidade ele o fez com o propósito de que todos seguissem suas orientações e vivessem por elas, isso não quer dizer que ele nos robotizou. Quantas religiões existem no mundo, quantos tipos de filosofias, culturas, estilos de vida e etc? Milhares, Deus não obriga o homem a segui-lo, ele os convida. Entender isso é de extrema importância, saber inspirar os outros é fundamental. Como influenciar se não for pelo exemplo?

Essa é a nossa missão, o nosso desafio. 

Ser exemplo não é uma tarefa fácil, porém, possível.

Dúvida?

"De que maneira poderá o jovem manter puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra" (Sl 119.09)

Não existe outra forma se não pela palavra. Temos a tendência de errar, e o que é pior, temos a tendência de não reconhecer o erro. Some tudo isso com a arrogância que temos em pensar que sabemos de tudo.

Não sabemos. Acabe pensava que sabia, o povo achava que estava fazendo o que era certo, afinal, que mal tem em criar uma religião, criar um deus, uma divindade, um padroeiro, ou acreditar receber força e bens de astros celestes?

Tudo isso parece tão inofensivo não é mesmo?

Se Deus não existisse poderia ser inofensivo, mas atribuir a outro ou a alguma coisa o que quer que seja que não for a Deus é ofende-lo.

Quem você adora de identifica. A forma como você adora diz tudo sobre você e o ser adorado.

Deus é santo, e requer atitudes santas de nossa parte. Ele espera que vivemos de forma santa que significa ser separado.

Pode até ter parecido que foi fácil a missão de Elias mas não foi, e digo que o resultado só foi esse o que a bíblia nos mostrou porque o plano era de Deus.

Não duvide, o inimigo de nossas almas luta incansavelmente para que percamos a nossa identidade. Perder a identidade é abandonar o altar de Deus, perder o altar é substituir por outro, perder o altar é perder o poder, perder o poder é perder a guerra.

Não abandone o altar, não perca a sua identidade, não perca o seu poder.


Na fé, na perseverança e na esperança sempre!

R.Silva