“E indo, pregai, dizendo: É chegado o
reino dos céus” (Mateus 10.7)
Reino dos céus
Essa
expressão acha-se somente em Mateus, e ocorre 33 vezes. O reino dos céus é a
soberania de Deus, tanto uma realidade presente quanto uma esperança futura.
A palavra
“céus” era utilizada numa tentativa de evitar a palavra “Deus”; desde então os judeus usam a expressão hebraica malkhut
hashmmayin (“o reino dos céus”) evitando assim a expressão “Reino de Deus”.
Não estaremos
falando de uma expressão, uma pronuncia religiosa, estaremos falando de algo
concreto, de um Reino inaugurado e presente. O Reino dos céus não é um projeto,
e sim uma realidade.
Assim como a
volta de Cristo se dará em duas etapas, da mesma forma, o reino dos céus se dá
em duas etapas também.
A
manifestação do reino dos céus, ou sua inauguração é de fundamental importância
para o povo de Deus e somente o Messias poderia inaugurá-lo. A inauguração do
reino dos céus entre nós refere-se ao período da restauração de todas as coisas
(Dicionário Teológico CPAD; Claudionor de Andrade).
O texto de
Isaias diz: Então brotará um rebento do
toco de Jessé, e de suas raízes um renovo frutificará. E repousará sobre ele o
Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento, o espírito de
conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e de temor do Senhor. E
deleitar-se-á no temor do Senhor; e não julgará segundo a vista dos seus olhos,
nem decidirá segundo o ouvir dos seus ouvidos; mas julgará com justiça os
pobres, e decidirá com equidade em defesa dos mansos da terra; e ferirá a terra
com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o ímpio. A justiça
será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade o cinto dos seus rins. Morará o
lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará; e o bezerro, e o
leão novo e o animal cevado viverão juntos; e um menino pequeno os conduzirá. A
vaca e a ursa pastarão juntas, e suas crias juntas se deitarão; e o leão comerá
palha com o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e a
desmamada meterá a sua mão na cova do basilisco. (Isaias 11.1-8)
Este texto
tem sido discutido por muitos sobre o seu cumprimento, e se de fato se aplica a
pessoa de Jesus de Nazaré. Os que olham para Jesus de forma cética, e o veem
como um simples judeu, ou mesmo como um simples Rabi que pareceu pregando por
toda a Judéia, alegam que não há como aceitar que Jesus filho de José tenha
sido de fato o messias. No ano 130 d.c o judeu Trifão, segundo Justino
Mártir formulou da seguinte forma a sua oposição à ideia de Jesus ser o
messias:
“Meu caro, essas e
outras passagens semelhantes das escrituras (Dn 7.9-28) nos obrigam a esperar
como glorioso e grande aquele que recebeu do Ancião de Dias, como filho do
homem o reino eterno. Em troca, esse que chamais de Cristo viveu desonrado e
sem glória, a ponto de cair sob a extrema maldição das leis de Deus, pois foi
crucificado”.
Em suma,
para Trifão Jesus não era o Messias
por que fracassou em trazer o reino messiânico.
Outros
escritores modernos como David Berger e Michael Wyschogrod (Os
judeus e o cristianismo judaico) recorrem à mesma objeção de Trifão, e escreveram eles: “O
Messias será aquele que reinará durante o que chamamos de era messiânica, não
há outra definição possível. Portanto, o critério básico de avaliação do
Messias será dado por uma pergunta simples: Ele trouxe consigo a era
messiânica?”.
Esta era messiânica,
conforme nos apresenta Isaias é marcada por um governo justo, uma era de
restauração, prosperidade, igualdade e paz. Esta restauração se estenderá tanto
na vida humana, como também em toda natureza.
Quanto as características do Reino, os
escritores não estão errados, mas o que lhes faltou foi entenderem que este Reino
se daria em duas etapas. Para isto usaremos o parecer de outro escritor judeu: David H. Stern:
Tanto em “Yochanan” João (Mt 3.2)
quanto a pregação de “Yeshua” Jesus (Mt 4.17) a razão do
arrependimento é que o Reino do Céu está
próximo. O conceito do reino de Deus é crucial para compreender a Bíblia.
Ele não se refere a um lugar nem a uma época, mas a uma condição na qual a
liderança de Deus é reconhecida pela humanidade, e uma condição na qual as
promessas de Deus de um universo restaurado, livre de pecado e da morte, são,
ou começam a ser, cumpridas. Em relação ao reino de Deus, a história pode ser
dividida em quatro períodos: Antes de “Yeshua”
(Jesus), durante sua vida, a era presente (o
‘olam hazeh) e a era futura (o ‘olam
haba). Havia uma percepção na qual o reino estava presente anteriormente ao
nascimento de “Yeshua” (Jesus); de
fato Deus era rei sobre o povo judeu (1Sm
12.12). A chegada de “Yeshua” (Jesus)
trouxe um salto na expressão terrena sobre o reino, “porque nele habita corporalmente toda plenitude da divindade” (Cl 2.9)
O novo testamento ensina duas coisas
aparentemente contraditórias sobre o reino de Deus: Que ele está próximo ou
presente (Mt 4.17; Mt 10;7; Lc 17.21; Lc
21.31) ou que ele está por vir (Lc
19.11; Lc 22.18; Mt 25.1; Jo 18.36) O teólogo George Ladd esclareceu e resolveu esse conflito ao escrever o seu
livro sobre o reino de Deus de “The
presence of the future” (A presença do futuro).
Hoje o reino de Deus vem imediata e
verdadeiramente, mas de forma parcial para todos aqueles que depositam sua
confiança em “Yeshua” (Jesus) e sua
mensagem, comprometendo-se assim a viver a vida santa que o governo de Deus
manda. Como um exemplo da parcialidade, eles têm paz em seu coração, muito
embora não exista paz no mundo. Entretanto no futuro, no final da história da
era presente, quando “Yeshua” (Jesus)
retornar, ele vai inaugurar o reino verdadeira e completamente (Ap 19.6); então Deus cumprirá o resto
das suas promessas sobre o reino.
David Stern e George Ladd corroboram com o que estamos afirmando. O reino de Deus
está dividido em duas etapas, o reino presente inaugurado, e o reino futuro que
será estabelecido. Este reino presente está restrito aos corações daqueles que
se renderam ao senhorio deste rei de paz, e o reino futuro será estabelecido de
uma forma global no futuro. O texto de Isaias descreve as características deste
reino (Isaias 11.1-8). Ele mostra
uma transformação de atitudes e de hábitos. Uma paz entre os opostos, a doçura
daqueles que são brutos e ferozes, algo que para nós é imaginável. O que dizer
de alguém que era extremamente violento e que teve a vida transformada pela
palavra deste Deus maravilhoso! Isso não é uma demonstração de que Deus reina
nesta vida, e que transformou o universo desta pessoa, e que isto passou e
passará a ter um reflexo em todas as extremidades da vida desta pessoa? Ou o que dizer de um fanático que desde a
infância conhecera o lado negro da religião, e fora ensinado que Deus é
raivoso, vingativo e destruidor, mas, que ao conhecer este Jesus que é capaz de
entregar a sua própria vida em favor de muitos, resolve render-se a Ele e então
é transformado e se torna um propagador da paz; não é também esta uma demonstração
do Reino de Deus na vida desta pessoa? Como não mencionar uma garotinha, ou
mesmo um garoto que a única ideia que tinha de família era a de um campo de guerra,
de um lugar de violência e de sofrimento, e que estava condenada a reproduzir
tudo isso, e carregar para sempre as marcas de todo o seu sofrimento, então
esta pessoa também se encontra com este Rei, e agora é mãe, é pai e ama a sua
família e seu lar é um lugar de benção, de respeito e paz! Não é esta também
uma demonstração do Reino de Deus? Vivemos a realidade das transformações de
vidas que foram alcançadas por este Deus maravilhoso, Ele é Bendito amém!
Milhares de vidas que foram alcançadas por este rei de paz podem afirmar: O
Reino de Deus está entre nós, e está dentro de cada um de nós.
Deixe-me
dizer algo: Nós somos semelhantes a uma cidade fortificada, amedrontados,
desconfiados por causa dos muitos senhores cruéis, ai vem este grande
conquistador, e fica a nossa porta, e bate. Ele estabelece os termos de nossa
rendição através de sua palavra, e quando aponta para nós a cruz, e o túmulo
vazio, dando provas inquestionáveis de seu poder, não há como resistir, a
rendição é certa! Ele poderia exigir a rendição demonstrando poder de
destruição, usando quem sabe um exército destruidor, mas ao contrário, ele usa
um exército que promove a paz, e usa as armas do amor. O reino de Deus está
estabelecido sobre esta base: O amor. Ele não reina como reinam os homens, pois
o seu reino é de justiça, amor e paz, e bem aventurados são todos que fazem
parte deste reino, pois serão fartos de amor, de justiça e de paz. Vivemos a
parcialidade da realidade deste Reino entre nós, e haverá um tempo já
determinado por Deus em que seu Reino pleno será estabelecido em toda terra, e
não será apenas um Reino entre os homens, e sim entre as nações. Eu creio
nisso!
Eu convido
você a ingressar neste reino presente, e experimentar o senhorio de Cristo. O
reino de Deus é de paz e jamais terá fim.
No reino, na
paz, na fé e no amor.
(R.Silva)